Machismo no Brasil: Avanços, Desafios e Caminhos para a Equidade de Gênero
- Muda Disso
- 18 de nov. de 2024
- 4 min de leitura
O que é o machismo e como ele afeta a sociedade brasileira?
O machismo é um sistema de crenças e práticas que privilegia os homens, impactando negativamente as mulheres e outras minorias de gênero. Ele se manifesta em diversas áreas da vida cotidiana, desde desigualdades salariais até a violência doméstica, e ainda está profundamente enraizado na sociedade brasileira.
Com certeza você já ouviu no trabalho, em círculos de amizade, na televisão e até na sua família as pessoas falando sobre “machismo”, “feminismo” e “equidade de gênero”.
Esse é um assunto efervescente e polêmico que, felizmente, está cada vez mais presente nas nossas vidas. Porém, apesar de avanços, o machismo ainda se manifesta em várias áreas da sociedade, afetando a vida de 51,5% da população brasileira – que é composta por mulheres.
Segundo a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher (DataSenado, 2023), 46% das mulheres não sentem que são tratadas com respeito no Brasil. Para se ter uma ideia do impacto prático disso, 30% já vivenciaram algum tipo de violência doméstica. Esses dados mostram que, apesar de avanços na percepção e nas discussões sobre igualdade de gênero, ainda temos muito a caminhar para vencer o machismo estrutural.

O Machismo na Prática: Dados e Evidências
O machismo afeta diretamente a vida das mulheres, criando um ciclo de violência e desigualdade que se reflete em várias áreas:
Mercado de Trabalho: Mesmo com níveis educacionais mais elevados, as mulheres ainda ganham menos que os homens e enfrentam barreiras para atingir cargos de liderança. As Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil do IBGE apontam que o rendimento médio das mulheres equivale a 78,9% do rendimento dos homens. Além disso, sua participação na força de trabalho é 20% menor. Esses dados mostram que o machismo não é só uma questão de opinião, mas afeta o cotidiano e as oportunidades das mulheres.
Violência de Gênero: A violência doméstica e de gênero é uma das expressões mais graves do machismo. Em 2023, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública registrou mais de 1,2 milhão de casos de violência contra mulheres, incluindo feminicídios, ameaças e violência psicológica. Esses números refletem um ciclo em que o machismo legitima a violência e desvaloriza o direito das mulheres à segurança e ao respeito.
Representação Política: Mulheres representam mais da metade da população, mas ocupam apenas 17,7% das cadeiras na Câmara dos Deputados. Isso limita a representatividade feminina em espaços de decisão e reforça um ciclo onde as políticas públicas não refletem completamente as demandas das mulheres. A presença feminina em cargos de liderança política é fundamental para promover ações que combatam o machismo e garantam a equidade de gênero.
Esse ciclo de exclusão que vemos na prática evidencia que o machismo afeta cada aspecto da vida das mulheres e mostra que a mudança precisa ser intencional e coletiva.
Antimachismo: Um Guia Prático para Transformação
Ser antimachista é um compromisso com a igualdade de gênero, é reconhecer comportamentos e atitudes que perpetuam a desigualdade e, mais importante, mudar e combater esses comportamentos no dia a dia.
Agora, vamos para um momento de autorreflexão.
Quiz: Como Identificar o Machismo em Mim?
Leia as perguntas abaixo e responda mentalmente com o máximo de sinceridade. Vamos lá?
Você já se percebeu pensando ou acha que certas profissões ou tarefas são “naturais” para homens ou para mulheres?
Você já fez ou riu de uma "piada" sobre o comportamento ou a aparência das mulheres?
Você já interrompeu ou desconsiderou o que mulheres dizem durante uma conversa? Ou, sem perceber, valoriza mais a opinião de homens?
Você acredita que mulheres são “naturalmente cuidadoras” ou mais “emocionais” que os homens? Ou que homens precisam ser “racionais” e “fortes”?
Quando uma mulher alcança algo importante, já atribuiu isso à sorte ou a fatores externos em vez de reconhecer o mérito dela?
Se respondeu “sim” a alguma dessas perguntas, não se apavore. Vivemos em uma sociedade machista que cria várias crenças limitantes. A primeira coisa que precisamos fazer é reconhecer o machismo em nós, pois não conseguimos combater algo que não conhecemos.
Como Combater o Machismo no Dia a Dia?
Depois de identificar esses padrões machistas em nós, é hora de agir. Aqui estão algumas práticas para começar a transformação:
Observe as Dinâmicas Sociais: O machismo também está nas sutilezas, observe como as mulheres podem ser excluídas de expressarem-se ou ainda de estarem em um lugar de poder e decisão. Um exemplo clássico é quando um homem e uma mulher vão em um restaurante e a pessoa que está atendendo fala apenas com o homem, mesmo quando o pedido é dela e entrega a conta para ele.
Busque conhecimento: Conhecimento é poder. Uma dica é ler o Guia Prático Antimachismo da Ruth Manus, que traz insights diretos para o dia a dia. Conhecer mais sobre feminismo, sexismo e empoderamento feminino ajuda a descontruir o machismo.
Escute com atenção e valorize: Em conversas ou reuniões, permita que as mulheres falem sem interrupções. É importante observar as próprias atitudes e as das demais pessoas. Pratique valorizar opiniões e reconhecer a expertise das mulheres. Pequenas atitudes mudam toda a dinâmica.
Questione comentários machistas: Quando ouvir ou presenciar um comentário machista, mesmo que em tom de piada, tente responder com leveza: “Será que todo mundo se sente confortável com isso?” ou “Ei, essa é uma visão bem ultrapassada, né?”. Pode parecer “chato”, mas é melhor ser percebido como um pouco "chato(a)" do que compactuar com o machismo, que vimos ter consequências bem sérias.
Leve esse tema para as pessoas que você convive e ama: Seja em grupos no trabalho ou em rodas de conversa com amigos, traga o assunto da equidade de gênero e como evitar comportamentos machistas. Quanto mais o tema estiver em pauta, mais fácil é conscientizar.
Posicione-se sempre que se sentir em segurança: Seja um aliado no trabalho e na vida pessoal. Quando perceber comportamentos ou falas que desvalorizam mulheres, posicione-se.
Para que possamos ter uma sociedade onde mulheres e homens tenham oportunidades iguais, é necessária uma mudança profunda de cultura e comportamento. Ser antimachista é um compromisso com a construção de uma sociedade mais justa, onde todos possam ser valorizados e respeitados por quem são. Com ações pequenas e contínuas, podemos todos fazer a nossa parte para tornar essa mudança uma realidade.
Comentarios